segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Metáfora

Leia esses versos de Chico Buarque:
“Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira”.
Observe que o eu lírico mantém uma relação de similaridade entre os termos “boca” e “cadeado”, de modo que as características do “cadeado” (fechado) sejam atribuídas à “boca”. O mesmo ocorre entre os termos “corpo” e “fogueira” (ambos são quentes).
Existe aqui uma transferência da significação própria de uma palavra, no caso aqui “cadeado” e “fogueira”, para outra significação quem lhe convém graças a uma comparação existente no espírito do autor, ou seja, acontece de maneira implícita. A isso chamamos metáfora.
Veja outros exemplos de metáfora:
“O samba é o pai do prazer
O samba é filho da dor”.
(Caetano Veloso)
Nesses versos, o poeta faz referência a duas informações inerentes ao samba. Como “pai do prazer”, refere-se ao espírito festivo e contagiante que envolve a dança; como “filho da dor”, remete-nos a refletir sobre a origem do ritmo, dando ênfase ao sofrimento da raça negra desde o primeiro contato com o homem branco.
Os versos a seguir, de Cecília Meireles, apresentam um tipo diferente de metáfora:
“Pelos vales de teus olhos
de claras águas antigas
meus sonhos passando vão”.
Neste caso, “águas” e “vales” mantém uma relação de similaridade, fazendo-nos entender que os olhos de quem o eu lírico se refere estão marejados de lágrimas. Nesse caso, a metáfora aconteceu por substituição, ou seja, o vocábulo “águas” foi empregado no lugar de “vales”, evitando a repetição e adicionando mais um sentido a ela.
Em suma, metáfora é a figura de linguagem que consiste em empregar uma palavra num sentido que não lhe é comum ou próprio, numa relação de semelhança entre dois termos.


Créditos: InfoEscola (http://www.infoescola.com/literatura/metafora/).

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